domingo, 21 de dezembro de 2008

NOME E SOBRENOME

Com o coração partido vou,
Mas se é preciso, vou...
Muito mais, preciso sair de você pra mim.
Sei que uma tempestade de saudade
Vai cair sobre nós,
Vejo nimbos no horizonte,
Mas não há outra saída
Que esse amor aponte.
Palavras impensadas,
Decisões mal tomadas,
São como que colunas
Nas mãos de Sansão,
É ver todo império do amor ruir.
Pedras sobre pedras, perdas!
Escombros do que fomos.
E, se restar algum vestígio nas paredes do tempo,
Será o seu nome sem o meu sobrenome.

Pachelly Jamacaru
"Musicada"

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

FOTOPOEMA, 26 nov 2008


LEMBRANÇAS DE UM ERRANTE

Às vezes me pego a lembrar lugares
Por onde me deixei andar.
Uns remotos, onde o vento acurva.
Outros logo ali, onde se desfaz.
Passaram por mim,
Rostos os quais nunca mais verei.
Guardei-os em mim e para eles me deixei...

Em algumas paragens bebi água.
Água boa, dormida. Água de quartinha!
Fui um estranho para estranhos,
Mas, de palavras me vali
Com a água bebida num só gole, matei a sede,
A de ser do ser e a de não ser tão só,
Bebi a simplicidade da gente conheci.

Errante, vaguei por cidades, vilarejos,
BR’s e rodagens, onde os cruzeiros à margem,
Contém um asterisco e um sinal de mais...
Já estão noutra jornada os que não voltarão jamais.
Vi casebres. Nas portas, pintada uma cruz,
Estão protegidas as moradas onde mora o salvador Jesus!

Um dia a lembrar lugares,
Recordo ter visto o tempo,
A passos esmos...
Largado do amor dos homens.
Dera com os brancos sua barba longa,
Esquecida de cortar.
Mas lembrava um mapa, um guiar,
O rosto daquele senhor!
E eu me vi com um cajado,
Um saco abarrotado de estórias,
Um caneco de beber saudades,
Trajando as vestes do tempo,
Esquecido de ser lembrado.

Foto e poesia: Pachelly J.
"Direito reservados"