quinta-feira, 11 de outubro de 2007

POESIAS...

ARMADILHA,

Treinei meu coração
Para não morrer de amor,
Não se entregar total,
Pra saber jogar, pra nunca perder,
Mas, fazer de conta que perdido está!
Pra fingir, encenar, trapacear,
Para apaixonar...
Adestrei meu coração,
Para não obedecer aos comandos da paixão.
Ensinei pulo de gato, ser uma muralha,
Uma fortaleza frente uma invasão sentimental,
Para ser um pecador e não se arrepender
Que será salvo por cada maçã que morder!
Só não falei dos ventos... Que mudam de direção!
Que a caça tem seu dia.
De feitiço contra feiticeiro,
De um dia atrás do outro,
Que a armadilha pega os desavisados
E o descuidado do avisado também!
Só não falei pra mim que,
O vírus da paixão, não reconhece um vacinado,
Segredo de ninguém!

Pachelly Jamacaru
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O QUE DE CERTO CADA UM TEM!

O rio tem um romantismo que lhe é próprio,
E que o mar não tem, as montanhas não tem,
As pradarias não, o deserto não.

A estar no mar, estou a dizer;
O mar, tem o sal da vida que o rio não tem,
As montanhas não, as pradarias , o deserto...

A estar nas montanhas estou a dizer;
As montanhas têm uma paz de espírito que lhe é própria,
E, que só ela tem.

Nas pradarias, estou a dizer;
As pradarias têm o que tem, que o rio não,
As montanhas não, o mar e o deserto não têm!

A estar no deserto, falo de solidão...

A estar com Clarice, penso no que Alice não,
Maria sim, Helena talvez, Ana Bela de quando em vez...

Procuro em cada uma,
Um rio, um mar, as montanhas, as pradarias e o deserto,
Que de certo cada um tem!

Pachelly Jamacaru
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NUNCA, JAMAIS...

Se a rede de arrasto não trouxer o alimento,
Se o canto não se faz ouvir,
Se o cavalo selvagem se opuser a montaria,
Se por um momento, o sonho não acontecer
Se contudo, tudo te deixa cabisbaixo e mudo,
Lembre-se ainda, o silêncio quer ouvir você.
Do contrario,
Não finja não ser com você,
Se a felicidade lhe piscar o olho!
Jogue outra vez a rede,
Dome o cavalo,
Alimente o sonho, cante outra vez.
Faça do nada, tudo acontecer!
Mas nunca, jamais diga que a vida é feia,
Só porque não está bela pra você!

Pachelly Jamacaru
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ARTEIRO,

O homem-poeta, é feito menino!
Traquino dana-se pelas ruas,
Fazendo artes...
Aqui e acolá, apronta uma...
Ou, outra; poesia!

O poeta,
É feito um homem feito menino arteiro!

Pachelly Jamacaru
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O PEQUÍ
Certa vez, ninguém disse assim...
Certa vez de ninguém se ouviu o dizer...
“O Pequi, não mata a fome”,
A fome, “é que se mata diante dele”.
Palavras da salvação!

Bendito és o fruto que és,
Aonde a pé se vai aos pés,
Quando ainda a flor bela nas alturas,
Em romarias as abelhas vão...
Quando se quer dar,
Quedas ao chão,
E aí, vão os homens em procissão!

De dezembro a fevereiro,
Quando reboam os trovões
E o céu desce a terra espargindo o aguaceiro,
Dá gosto ver na floresta,
Teresa e outros nomes brejeiros
Que ora me fogem a lembrança,
Na maior lambuzança, de colheita em festa!

Não é do rico, nem do pobre,
O que é para o rico, é para o pobre!
Oh! Fruto da concórdia que vergas os teus galhos
Indiferente ao credo de quem te aprecia!
Na Baixa-rasa eneblinada, oração e aboio...
Ides pois, oh, verdinho, aromatizai a mesa dos justos,
Abundantes sejam pequis que rôo!

Pachelly Jamacaru
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RIOS, IMAGINÁRIOS RIOS...
Pedras de rios,
Por um rio me apaixonei,
Por rios me deixei levar!
Com que sonha um rio?
Encontrar um mar que for
Eu me fiz de um
Em busca de um mar de amor!

Rios navegáveis, imaginários,
N’águas passadas mundo desaguou.
Rio de mim mesmo,
da verdade do que sou.
Ame o rio e por ele se deixe banhar,
Lave a alma,
Roupa suja, não se lavar por lá!
De onde nasce até aonde o homem o deixa ir,
Quando segredo guarda um rio do seu existir!

Um rio que o homem mate,
Quando der por falta, tarde será,
Há rios rasos, outros pra se aprofundar!
Mas há um rio além,
Se você acredita que há,
Na outra margem peixes anjos a nadar,
Cante o rio e por ele se deixe levar...

Pachelly Jamacaru
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INSÔNIA.
A madrugada acordou em mim.
Meus olhos, ping-pongueiam de um lado para o outro.
Seria ânsia, idade?
Galos, oh! Desorientados pavoroteiam,
Irrompendo o silêncio com suas óperas!
Porque não há relógios nas paredes do céu?
Hoje, as carruagens de fogo não cruzaram o fundo do mar!
As fadas não colheram cajus em meu quintal!
A Gisele não tocou a campanhia, com isso,
Não rubriquei os lençóis em devaneios Domjuânicos.
A madrugada acordou em mim e,
O pesadelo fora de aviões bombardeando
Os subterrâneos da minha alma!
Autoretrateio-me, sob a luz azul da lua do criador
E a amarelo queimado de um lampião Rayo-Vac,
Da indústria moderna dos homens!
Na fotografia entre paredes e grades não reclamo
Da liberdade, da minha sugestiva nudez, estou puro!
Minha cama pegou no sono e dorme na minha ausência!
São 2.40hs Am, de um dia qualquer no calendário cristão.
É incrível como a noite escreve poemas... e, os poetas assinam!

Pachelly Jamacaru
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PRIMA FAUNA MANA FLORA
Javali de cerâmica com olhos de paetês
Numa arte industrial, explícito, cômodo de ver!
Meu pai caçador, Mal transmortal,
Volta pra casa com o animal abatido
E eu já não tenho porque,
Eu já não vejo por que
Nas férias ir ao Pantanal,
Dói-me n’alma cantar a fauna morta,
Imagine, quando um cartão postal!

Samambaia de plástico, nem arte, nem viver!
Triste é cultivar o que não se agôa!
Oh mãe das mães, ó mãe, ó mãe!
Guardai os filhos de hoje de um futuro imbecil
Regai com luz o Brasil,
Os florais trópicos em tempo hábil,
Para que vinguem as sementes,
Pra que nunca de nós a natureza se ausente!

Oh fauna, oh fauna,
Oh flora, oh flora,
Por ti o globo chora
Ante o avanço irracional.

Pachelly Jamacaru
"MUSICADA"
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MACATU MMIV d.c
Não seja tarde perceber
Não ser brincadeira não
O planeta tem resposta
Pra cada provocação.

O paradoxo da inteligência
É o excesso de sabedoria
É saber demais
Mas, não saber o que devia.

Pagamos pela gana
Por idolatria ao viu Q.I.
Por tudo mais a mais que tudo
Temos ou não direito a ir vir

Até quando?
Porque ser assim?
A pergunta que não cala em mim.
Porque ser assim?
Até quando?
Meu menor quer saber de mim.

Sob o prisma da modernidade
Um mundo cão é vivido
O homem hostil, beligerante,
Quer vê-lo destruído
A insustentável leveza do poder
Cria um mundo de submundos
Como ser feliz se o homem não quer
O homem não quis.

O espaço aéreo é patrulhado
O mar aberto é controlado
As fronteiras entrincheiradas
Somos ou não cidadãos do mundo?

Tanta ciência, tanta cultura,
Tanta tecnologia,
Muita crença, filosofia,
Para o mundo da no que dá
Para o mundo ta no que ta!

Pacelly Jamacaru
"Musicada"
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MUDANÇA
Foi que acordei mais cedo
E resolvi mudar o mundo.
De cara, esvaziei o velho armário do ego,
Abarrotado de ledos sonhos...
Como o de esperar
Que as coisas mudem por si
A vida em si tudo em volta, a história,
Sem que eu não!
Foi preciso me desconhecer
Não me reconhecer para me re-procurar!
Tantas são as coisas simples ao nosso redor
E a gente fica a pegar foguetes
Como se lá em cima
Onde os sonhos não alcançam
Estivessem, todos e tudo que aqui em baixo está!
Por baixo, mas,dando volta por cima!

Pachelly Jamacaru
"musicada"
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PEDRO E PAULO
Dois meninos
Jogavam bola com a bola do mundo,
Dois meninos,
Jogados na bola do mundo.
Um era Pedro,
O outro seu nome era Paulo.
Pedro e Paulo
Chutavam tampas coloridas
E entre tantas, as tampas eram suas vidas,
Jogadas na jogada do mundo.

No País da cerveja e do futebol,
Jogam meninos às ruas,
Vidas, tampas, latas de Skoll!

Pachelly jamacaru
"Musicada"
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LUA, LUA.
Lua, lua
Um foguete por aí vai passar
A cruzar o espaço
Movido à dor do mundo
O infinito tentará
Branca lua
Não o deixe em ti pousar
Que imundo é o seu combustível
E atua roupinha branca lua,
Branca não ficará!

Pachelly Jamacaru
"Musicada"